Esse é o texto que eu elaborei para ler quando fui orador da minha turma de Direito em 2002.
Aos Ilustres Componentes da mesa diretora desta cerimônia, Senhoras, Senhores, queridos Amigos.
Quando fui escolhido para representar os ora formandos, comecei a pensar no que diria. A primeira idéia foi basear-me em algum pensamento sábio e bem formulado e comecei assim:
“Em primeiro lugar serei conciso, não prolixo. Não enveredarei pela grandiloqüência melíflua e fátua da alocução empoada! Serei pueril e direto. E de modo algum não me esquivarei das repetências de todo intróito, inclinando-me pelas brevidades, tão à volição manifesta como as homônimas mineiras...”
Chato!!! Aí eu comecei de novo...
É, quem diria. Estamos aqui nos graduando. Muitos dos presentes, pais, amigos, irmãos e professores devem estar ao mesmo tempo felizes, orgulhosos e até incrédulos. Enfim, a formatura!!!
Não é por mero acaso que estamos todos aqui. Afinal, a grande maioria foi convidada e, ainda bem, resolveu aparecer.
Quando, chegamos pela primeira vez à universidade, nenhum de nós tinha a exata noção do desafio que nos aguardava.
Vivenciamos ao longo deste período, muitas tristezas, brigas, noites mal dormidas ou sequer dormidas e que, muitas vezes, não eram festas. Quantas vezes não pensávamos em desistir de tudo? Até jurávamos que isso não iria mais acontecer pelo resto do curso, puro engano!!!!
Passamos por tudo, inseridos num ambiente extremamente rigoroso em termos de dedicação, carga de estudos, provas, e, apesar tudo, nada foi capaz de conter o ímpeto de chegarmos ao final do nosso curso. Nós sabemos, mais do que ninguém o esforço feito para estarmos aqui hoje.
Sobrevivemos às pressões, aos "se vira", às separações, à abdicação de alguns sonhos. Enfim, sobrevivemos às nossas frustrações, às nossas inseguranças, às nossas ingênuas alegrias...
Com isso, esperamos ter correspondido às expectativas e a confiança em nós depositadas.
Durante esses cinco anos conseguimos entender melhor o que significa união, companheirismo, respeito, lealdade, e sinceridade. Todas estas experiências e todas amizades que fizemos, serão laços permanentes que nunca se romperão.
Não faltaram alguns fatos curiosos na classe como as cochiladas, com direito a ronco, babadas na carteira; comentários inocentes na aula de sexologia forense da professora Irene; o César, quem não se lembra dele??
As apresentações do seminário de agrário, quando o Piva e o Sandro ficavam mostrando uma revista de homem pelado para as pessoas que estavam discursando, tirando a concentração da classe toda; as comemorações de fim de prova! Sem contar os jogos jurídicos. Mas sobre isso é melhor nem falar porque estão presentes pais e namoradas e tem gente que ainda não tem direito a cela especial.
De quem é a culpa por estarmos aqui hoje? Diria que tudo se deve à um “trabalho de equipe”: nosso, dos nossos pais, mestres, amigos e parentes.
Mas, precisamos admitir que os principais culpados são os nossos pais.
Como poderíamos, num simples discurso, homenagea-los plenamente, já que eles são e serão sempre nossos melhores amigos, os maiores aliados e o nosso maior apoio. Sem eles o caminho seria muito mais difícil.
São os pais que nos fornecem os mais preciosos ensinamentos e aos quais devemos recorrer, sempre que precisarmos de afeto e motivação. Eles abrem mão de seus desejos pelos nossos! Sua dedicação não se restringe ao nosso aperfeiçoamento profissional, mas a ele transcende, pois se volta para nossa realização pessoal e felicidade. Assim, impossível deixar de dedicar a eles esse momento, em primeiríssimo lugar.
Vocês, que só ficam felizes quando nós estamos felizes, saibam que estamos muito felizes por vocês estarem hoje ao nosso lado, como sempre estiveram.
Obrigado pai , obrigado mãe. Amo vocês.
Nosso muito obrigado a todos os professores, que tantas vezes nos deram além do ideal recôndito que abrigamos em nossos corações.
Obrigado aos mestres, que no exercício de suas funções, aliam rigor, razão e amizade, numa formulação infalível para a transmissão de seus conhecimentos, e, com isso, influenciam nossos destinos.
Prestamos aqui nossos sinceros agradecimentos, pelo inestimável mérito dos seus ideais, pela paciência e pelo carinho e, garantimos: a lição foi aprendida. Com a certeza de que a influência do mestre não termina ao fim de um curso. Ela transcende no tempo. Valeu!!
Quero também agradecer e homenagear, ao nosso estimadíssimo paraninfo, mestre e protetor, Rodolfão, que nos ensinou nas suas aulas de Ética o ABCD da vida: Amor, Bom Senso, Compostura e Dignidade.
Também, não poderíamos deixar de mencionar nosso saudoso professor Paulo Guilherme de Almeida, que tão repentinamente deixou nosso convívio e, com isso, um rastro de saudade...
Nosso obrigado também às namoradas, noivas, esposas, amantes, parentes, primas, agregados, cunhados, sogras e por aí vai.... Eles estavam presentes muitas vezes, na hora certa e no lugar certo, quando mais precisávamos.
Enfim, obrigado a todos que de alguma forma cooperaram para nossa realização pessoal e profissional, nos dando “aquela força”.
Como diz o provérbio chinês: "Um pouco de perfume sempre fíca nas mãos de quem oferece flores'.
Quanto a nós formandos, entendemos que este ciclo teve seu final e que vamos enfrentar novos desafios, e tenho certeza de que agora, temos uma bagagem considerável, para nos apoiar e ir em frente.
Loucos ou normais, todos têm um ideal, um sonho, um objetivo particular, mas queiramos ou não, neste momento somos todos iguais: somos os formandos da Faculdade de Direito, turma 2002!
Ficam as risadas que demos juntos tantas vezes nestes anos. Ficam, principalmente, os atos de companheirismo e solidariedade. Eliminam-se os preconceitos. Fica a Amizade.
Pois é, triste pensar que a felicidade deste momento, em pouco tempo se misturará com a saudade e a tristeza por deixar esta universidade onde amadurecemos e construímos muito do que somos agora. Os sorrisos, as palavras, as comemorações de fim de ano, as lágrimas e “as caras fechadas” por uma prova mal sucedida.
Mas nada disso se comparara à tristeza da ausência do nosso nome na lista de chamada de alguma turma. Percebemos, melancolicamente, que já não fazemos mais parte desta universidade.
Hoje reunidos, saudamos a conquista do tão almejado diploma, que agrega subsídios que extrapolam os limites do conhecimento técnico aqui adquirido.
A pessoa que fomos um dia, a universidade poliu. E agora, ela devolve à sociedade o mesmo indivíduo, porém diferente no sentir a vida e pronto para contribuir com sua parte, na comunidade com a qual interage.
Pena que sempre chega o dia que precisamos partir, mas temos a certeza de que levaremos conosco um pedaço de tudo o que ficou e deixaremos para trás um pouco de nós mesmos.
Para concluir, gostaria apenas de dizer que esta cerimônia de formatura não deve representar uma despedida em nossas vidas, mas sim uma reafirmação do alto grau de união e companheirismo que sempre caracterizou nossa turma.
Chegamos ao final, vencemos juntos. Esse é o jogo que vale a nossa história e agora tudo está apenas começando, sob as bênçãos de Deus.
Obrigado.
Mohamed Mustafá Sobrinho
Nenhum comentário:
Postar um comentário